Sinais de que os funcionários estão esgotados e o que fazer a respeito
Esgotamento profissional deve ser uma preocupação central para líderes de empresas de todos os tamanhos, e há razões convincentes para isso. Primeiramente, o esgotamento representa um custo elevado para as empresas, podendo causar danos significativos à operação do negócio. Além disso, ele é um fator crucial na alta rotatividade de funcionários. Um estudo com profissionais de RH revelou que 95% acreditam que o esgotamento influencia diretamente na retenção de talentos. O aspecto encorajador é que, embora suas consequências sejam severas, existe prevenção e solução, desde que os líderes identifiquem e abordem suas causas fundamentais.
O Esgotamento profissional: Mais do que Apenas Cansaço
É comum ouvir alguém dizer que está “esgotado” quando na verdade só precisa de um descanso. No entanto, é importante entender que o esgotamento vai além de um simples cansaço ou desligamento emocional. Em 2019, a Organização Mundial da Saúde aprofundou a definição de burnout, classificando-o na 11ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) como um fenômeno ocupacional.
O esgotamento é descrito como uma síndrome resultante de estresse crônico no trabalho que não foi adequadamente gerido, com três características principais:
1. Sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia;
2. Aumento do distanciamento mental do trabalho, ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao trabalho;
3. Redução da eficácia profissional.
Esta síndrome está especificamente ligada ao contexto ocupacional e não se aplica a outras áreas da vida.
O impacto do esgotamento é profundo e duradouro, diferenciando-se da mera exaustão ou sobrecarga de trabalho. Um exemplo claro da sua gravidade é o fato de que simples períodos de folga têm pouco efeito na recuperação de funcionários esgotados. Enquanto a maioria retorna das férias descansada e renovada, aqueles que sofrem de esgotamento enfrentam o retorno ao trabalho com grande apreensão.
Reconhecendo os sinais de esgotamento dos funcionários
Líderes atentos são capazes de perceber os primeiros sinais de esgotamento em suas equipes. Estes sinais podem se manifestar de diversas formas, como a diminuição na qualidade do trabalho, redução do entusiasmo por novos projetos, menor esforço coletivo e declínio do moral da equipe
Conforme o esgotamento se agrava, ele se torna mais evidente através de indicadores concretos: prazos de projetos não cumpridos, queda na produtividade e um aumento no absenteísmo. Líderes que notam esses sinais devem analisar mais de perto os dados de RH e de engajamento dos funcionários, procurando por padrões em faltas não planejadas e mudanças nos níveis de engajamento, incluindo um possível crescimento de feedbacks negativos.
Nos estágios mais avançados, o esgotamento leva a um aumento nas licenças remuneradas e na rotatividade de funcionários, o que pode ter um impacto financeiro significativo para a empresa.
O que fazer com o esgotamento profissional:
Simplificando, o esgotamento acontece quando os funcionários se sentem impotentes, como quando enfrentam cargas de trabalho implacáveis ou prazos excessivos, sentem que estão a ser tratados injustamente ou não têm as ferramentas, informações ou apoio de que necessitam para realizar o seu trabalho.
Os líderes que enfrentam o esgotamento nas suas organizações devem enfrentar o problema de frente e avaliar quais destas questões estão presentes nas equipas que estão com dificuldades.
Pedir feedback dos funcionários ou pesquisar a equipe afetada é um passo inicial importante no processo – as pessoas se sentem menos impotentes quando sabem que são ouvidas e, neste caso, o simples ato de ouvir pode funcionar como uma válvula, liberando um pouco da pressão e ganhar algum tempo para os líderes.
Além de fornecer aos funcionários evidências tangíveis da conscientização da administração sobre o problema, os resultados da pesquisa e o feedback podem ajudar os líderes a identificar equipes que estão enfrentando dificuldades. Idealmente, a pesquisa será bem elaborada e, além de identificar onde está o problema dentro da organização, os dados também fornecerão informações sobre as causas subjacentes.
Em muitos casos, a causa raiz do esgotamento é o gestor.
A principal razão pela qual as pessoas deixam seus empregos é a gestão. Embora não estejamos tentando transformar os gestores em vilões, não há negar a influência que eles exercem sobre os funcionários e sobre a experiência dos funcionários na empresa.
De acordo com um estudo histórico da Gallup, os gestores são responsáveis por pelo menos 70% da variação nas pontuações de envolvimento dos funcionários nas unidades de negócios. A empresa também afirma que esta variação é, por sua vez, responsável pelo baixo envolvimento dos funcionários em todo o mundo.
Gerentes excepcionais estão em extinção. Por isso, investir em treinamentos e capacitação, ajudando-os a compreender o impacto dos seus comportamentos nas pessoas é a primeira linha de defesa contra o esgotamento e a consequente perda de talentos.
Quando o esgotamento é identificado em uma equipe, muitas vezes é um sinal de que o gerente está passando por dificuldades.
Garen Staglin, presidente e cofundador da One Mind, lidera uma organização sem fins lucrativos dedicada a acelerar a pesquisa e promover a saúde cerebral, visando apoiar indivíduos com problemas de saúde mental a terem vidas saudáveis e produtivas. Ele acredita que:
“ o maior influenciador do sucesso de um programa de saúde comportamental é o nível de comprometimento pessoal do CEO e de outros executivos seniores. Na ausência desse nível de compromisso – mudar a cultura e reconhecer e apoiar formalmente a saúde comportamental – estes programas tendem a perder impulso, sendo muitas vezes suplantados por novas prioridades ao longo do tempo.
Os programas de assistência aos funcionários têm uma taxa de utilização na faixa de 5%. As pessoas têm medo de se manifestar porque acreditam que serão de alguma forma marginalizadas.
Os empregadores precisam acompanhar isso com comunicação constante. Você precisa examinar os planos de benefícios. E você, como CEO, é responsável, mesmo que dependa de um terceirizador de benefícios.
As empresas que se juntaram a nós no One Mind at Work estão a descobrir que apoiar a saúde mental não é apenas a coisa certa a fazer, é bom para os negócios. O absentismo diminui. O atendimento ao cliente aumenta. O bem-estar e a produtividade aumentam. Os custos com cuidados de saúde diminuirão a longo prazo porque as pessoas que não utilizam os serviços se automedicam com drogas ou álcool ou recorrem a outras formas de lidar com a situação.”
O trabalho remoto e esgotamento profissional.
O último ano e meio lançou desafios após desafios aos líderes e exigiu que muitos gerenciem funcionários remotamente – o que requer uma série de habilidades inteiramente novas. Como resultado, as armadilhas em que vemos os líderes remotos caírem incluem vários comportamentos que se alinham com os fatores de esgotamento listados acima, mas de maneiras diferentes, como:
- Tornar-se invisível para os funcionários agora que todos trabalham remotamente, fazendo com que os funcionários se sintam menos apoiados
- Esperar que os funcionários estejam “sempre ligados” e respondam imediatamente aos e-mails
- Usando a tecnologia para monitorar atividades dos funcionários
- Dependência excessiva de reuniões, como medida para manter o controle da produtividade
O combate ao esgotamento começa primeiro com a compreensão das suas causas profundas e, em seguida, com a identificação de onde elas existem na sua organização.
O próximo passo é mais complexo – os líderes precisam de compreender os factores que contribuíram para as circunstâncias que os seus colaboradores enfrentam. Os gerentes interpretaram mal as prioridades? A empresa não conseguiu prever as consequências inesperadas das novas políticas? Uma equipe está lidando com um local de trabalho tóxico?
A realidade é que simples alterações nas políticas organizacionais não são suficientes para resolver completamente as causas do esgotamento no trabalho. Apenas revisar as políticas existentes não aborda fatores mais profundos, tais como a presença de líderes ineficientes ou ausentes, tratamento injusto dos funcionários ou falhas na comunicação interna.
Para alcançar soluções verdadeiramente eficazes e duradouras, é essencial que a mudança comece no topo da hierarquia empresarial. A liderança da empresa precisa não apenas modelar comportamentos positivos, mas também criar um ambiente onde tais comportamentos sejam valorizados e recompensados.
Isso envolve uma compreensão profunda e um compromisso genuíno com o bem-estar dos funcionários, além de uma comunicação eficaz e uma gestão justa e transparente. Ao fazer isso, as organizações podem cultivar um ambiente de trabalho mais saudável e sustentável, onde o esgotamento se torna uma exceção, não uma regra.
5 dicas práticas para transformar eliminar e prevenir o esgotamento profissional
1. Promover a Liderança Empática e Ativa: Incentive os líderes a desenvolver empatia e compreensão pelas necessidades e desafios de seus funcionários. Isso pode ser feito através de treinamentos regulares em inteligência emocional e comunicação eficaz. Líderes devem estar presentes e disponíveis, oferecendo suporte regular e feedback construtivo.
2. Implementar Políticas de Equilíbrio entre Trabalho e Vida Pessoal: Estabeleça políticas claras que promovam o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Isso pode incluir horários de trabalho flexíveis, a possibilidade de trabalho remoto, períodos de descanso adequados e férias incentivadas.
3. Criar Canais de Comunicação Abertos e Seguros: Estabeleça canais onde os funcionários possam expressar suas preocupações e ideias sem medo de represálias. Isso pode ser feito através de pesquisas de feedback anônimas, caixas de sugestões, ou reuniões regulares de equipe onde a comunicação aberta é encorajada.
4. Reconhecimento e Recompensa: Desenvolva um sistema de reconhecimento que valorize não só os resultados, mas também as maneiras como eles são alcançadas. Isso inclui reconhecer esforços para manter um ambiente de trabalho saudável e ético.
5. Investir em Desenvolvimento Profissional e Suporte à Saúde Mental: Ofereça oportunidades regulares de desenvolvimento profissional e aprendizado contínuo. Além disso, forneça recursos e apoio para a saúde mental, como programas de assistência ao funcionário, workshops sobre gestão de estresse e acesso a serviços de aconselhamento.
Estas ações, quando implementadas de maneira consistente e com o compromisso da liderança, podem criar uma cultura organizacional mais saudável, reduzindo significativamente os casos de esgotamento no trabalho.
Conclusão: Como Evitar o Esgotamento no Trabalho de Forma Eficaz
Para resumir, lidar com o esgotamento no trabalho não é algo simples. Não basta mudar uma ou duas regras na empresa; é preciso mudar a cultura de trabalho por completo, começando pelos chefes e gerentes. Eles têm que dar o exemplo, mostrando como é importante entender e cuidar dos funcionários, além de equilibrar o trabalho com a vida pessoal.
As empresas devem ter canais abertos para que os funcionários falem suas preocupações, reconhecer e premiar quem contribui para um ambiente de trabalho positivo e oferecer apoio e treinamentos, principalmente em relação à saúde mental. Adotando essas medidas, a empresa não só faz seus funcionários se sentirem melhor, mas também ganha em produtividade e satisfação do cliente, além de economizar com despesas de saúde no futuro. Portanto, cuidar do bem-estar dos funcionários é mais do que uma coisa boa a se fazer; é também uma decisão inteligente para os negócios.