Você sabia que pagar o salário errado pode custar milhões à sua empresa? Sim, um simples erro no cálculo do adicional de periculosidade pode resultar em processos trabalhistas, penalizações severas e até manchar a confiança da sua empresa.
A verdade é que muitas empresas não sabem exatamente como funciona esse benefício. Quem tem direito? Como calcular corretamente? Existe alguma forma legal de reduzir esses custos? Ignorar essas questões pode ser um grande risco para sua empresa.
Imagine um cenário em que um colaborador expôs atividades perigosas entre uma ação trabalhista porque a empresa não pagou o adicional corretamente. Além do valor retroativo, sua empresa pode ser condenada a pagar indenizações, juros e correções, comprometendo o orçamento e a segurança financeira do negócio.
Mas calma! A boa notícia é que existem estratégias legais para garantir o pagamento correto do adicional de periculosidade sem prejudicar a saúde financeira de sua empresa.
Neste artigo, vamos descomplicar tudo para você. Você aprenderá quem tem direito ao adicional, como calcular corretamente, quais são as compensações para empresas que não cumprem a lei e como mitigar riscos trabalhistas .
Continue lendo para evitar problemas legais e manter sua empresa em conformidade com a legislação trabalhista
O que é o Adicional de Periculosidade?
Se um trabalhador está exposto a atividades que colocam sua vida em risco, ele tem direito a uma compensação financeira chamada adicional de periculosidade . Esse direito está previsto no Artigo 193 da CLT e regulamentado pela Norma Regulamentadora 16 (NR 16) , que define quais atividades são consideradas perigosas.
De acordo com a legislação, têm direito a profissionais adicionais que lidam com inflamáveis, explosivos, energia elétrica, segurança patrimonial ou pessoal, atividades com motocicleta e exposição a radiações ionizantes ou substâncias radioativas . O percentual adicional é de 30% sobre o salário-base do trabalhador, sem incluir gratificações ou outros benefícios. Para trabalhadores de mineração subterrânea, esse percentual pode chegar a 40% .
Mas qual a diferença entre periculosidade e insalubridade ? Embora os dois benefícios sejam adicionais ao salário, a periculosidade refere-se a riscos imediatos e fatais , como eletricistas que trabalham com alta tensão ou vigilantes expostos à violência. Já a insalubridade está associada a riscos graduais à saúde , como exposição prolongada a ruídos, produtos químicos ou calorias excessivas.
Para ilustrar, imagine um frentista de posto de gasolina. Ele trabalha diretamente com combustíveis inflamáveis, o que expõe ao risco de explosões. Isso caracteriza periculosidade e dá direito ao adicional de 30%. Por outro lado, um trabalhador de laboratório exposto a agentes químicos contratados pode desenvolver doenças ao longo do tempo, o que configura insalubridade , com percentuais de 10%, 20% ou 40%, dependendo da intensidade do risco.
O adicional de periculosidade só é concedido após uma avaliação técnica , feita por um engenheiro ou médico do trabalho , garantindo que a exposição ao risco realmente justifique o pagamento do benefício.
Quem tem direito ao Adicional de Periculosidade?
O adicional de periculosidade não se aplica a qualquer trabalhador, mas sim aqueles que desempenham funções que os expõem a riscos graves e iminentes . A Norma Regulamentadora 16 (NR 16) determina quais atividades são consideradas perigosas e, portanto, garante esse direito.
Entre as profissões que se enquadram estão:
- Trabalhadores expostos a inflamáveis e explosivos , como frentistas de postos de gasolina, operadores de caldeiras e profissionais que transportam combustíveis.
- Profissionais que atuam com energia elétrica , como eletricistas e engenheiros elétricos que operam redes de alta tensão.
- Segurança pessoal ou patrimonial , incluindo vigilantes armados, seguranças de transporte de valores e escoltas armadas.
- Motociclistas que utilizam a moto como ferramenta de trabalho , como motoboys e entregadores.
- Trabalhadores expõem radiações ionizantes ou substâncias radioativas , como profissionais de radiologia.
Mas como comprovar que um trabalhador realmente tem direito a mais? A legislação exige laudo técnico emitido por um engenheiro ou médico do trabalho , registrado no Ministério do Trabalho. Esse laudo deve avaliar as condições de atividade e definir se há exposição contínua ao risco.
Casos recentes mostram que muitas empresas tentam contestar o pagamento do adicional. No entanto, os tribunais têm decidido favoravelmente aos trabalhadores. Um exemplo é o caso de vigilantes desarmados , que antes não receberam o adicional, mas a Justiça do Trabalho informou que a exposição ao risco de assaltos e violência justifica o pagamento.
Ignorar essas obrigações pode gerar passivos trabalhistas altos e processos judiciais , por isso, é essencial que as empresas estejam atentas às regras da NR 16 e realizem avaliações técnicas frequentes.
Como calcular o Adicional de Periculosidade?
O cálculo do adicional de periculosidade é simples, mas é essencial entender as regras para evitar erros que podem gerar passivos trabalhistas. A CLT determina que o percentual adicional seja de 30% sobre o salário-base do trabalhador. Já para quem atua em mineração subterrânea , o valor sobe para 40% .
Passo a passo do cálculo
- Identifique o salário-base (sem incluir gratificações, horas extras ou outros adicionais).
- Multiplique pelo percentual adicional (30% ou 40%, dependendo da atividade).
- Some o valor ao salário-base para obter a nova remuneração total.
Exemplo prático:
Um eletricista que trabalha com alta tensão recebe R$ 3.000,00 de salário-base. O cálculo adicional será:
R$ 3.000,00 x 30% = R$ 900,00
Esse valor será adicionado ao salário, resultando em R$ 3.900,00 antes dos descontos legais.
Já um minerador que trabalha em ambiente estrutural, com o mesmo salário-base, terá um cálculo diferente:
R$ 3.000,00 x 40% = R$ 1.200,00
Seu pagamento final será de R$ 4.200,00 .
Impacto sobre outros direitos
O adicional de periculosidade não é um benefício isolado , ele afeta férias, 13º salário, FGTS e horas extras , pois integra o salário do trabalhador . Isso significa que, para compensar esses benefícios, o adicional deve ser considerado, aumentando os valores pagos pela empresa.
Ignorar esse detalhe pode gerar problemas jurídicos. Por isso, as empresas precisam garantir que o design seja correto para evitar passivos trabalhistas e possíveis autuações fiscais.

Impacto Financeiro e Estratégias de Gestão para Empresas
O adicional de periculosidade é um direito dos trabalhadores, mas também representa um custo significativo para as empresas . Dependendo do número de funcionários expostos a atividades perigosas, o impacto na folha de pagamento pode ser alto, tornando essencial uma gestão eficiente desse benefício .
Como calcular o custo do benefício na folha de pagamento?
O adicional de periculosidade integra o salário do funcionário , ou seja, encargos adicionais como férias, 13º salário, FGTS e horas extras . Para estimar o impacto financeiro, basta multiplicar o salário-base pelo percentual do adicional (30% ou 40%) e somar as contribuições trabalhistas incidentes sobre esse valor.
Exemplo:
Se um vigilante recebe R$ 3.000,00 de salário-base, seu adicional será R$ 900,00 (30%). No ano, isso representa R$ 10.800,00 adicionais , sem contar os reflexos nos encargos.
Como minimizar custos sem descumprir a lei?
Existem estratégias legais para reduzir esse impacto:
- Revisão de cargos e funções : nem todos os funcionários de uma mesma área se enquadram necessariamente nos critérios de periculosidade.
- Laudos técnicos atualizados : uma perícia pode comprovar que certas atividades não desativam o pagamento do adicional.
Os EPIs podem descaracterizar ou ter direito a adicional?
Sim, mas com ressalvas. Se os equipamentos de proteção individual (EPIs) eliminarem completamente o risco, a empresa pode solicitar a descaracterização da periculosidade . No entanto, isso só vale se houver um elogio técnico comprovando a eficácia do EPI , feito por um engenheiro ou médico do trabalho.
Boas práticas para evitar ações trabalhistas
- Manter laudos atualizados e realizar auditorias periódicas.
- Treinar os gestores de RH e DP para evitar erros nos cálculos.
- Cumprir rigorosamente a legislação , pois qualquer falha pode gerar ações trabalhistas custosas.
A boa gestão do adicional de periculosidade evita gastos desnecessários e mantém a empresa em conformidade com a lei.
Consequências Legais para Empresas que Não Pagam ou Benefício
Ignorar o pagamento do adicional de periculosidade pode sair muito mais caro do que cumprir a legislação. Empresas que deixam de pagar esse benefício correm o risco de enfrentar multas, ações trabalhistas e passivos financeiros elevados .
Multas e deliberações sobre legislação trabalhista
De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) , a falta de pagamento adicional pode gerar autuações por parte do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e processos trabalhistas movidos pelos próprios funcionários. As deliberações incluem:
- Multas administrativas aplicadas pelos fiscais do trabalho.
- Pagamento retroativo do adicional com juros e correção monetária.
- Indenizações por danos morais e materiais caso o trabalhador comprove que sofreu prejuízos devido à exposição ao risco sem a dívida indenização.
Casos reais de empresas penalizadas
Nos últimos anos, diversas empresas foram condenadas a pagar valores milionários por não cumprirem a legislação. Um caso emblemático envolveu uma grande rede de supermercados que deixou de pagar o adicional a seguranças patrimoniais. Após uma ação coletiva, a empresa foi obrigada a pagar indenizações retroativas de cinco anos , além das multas aplicadas pelo MTE.
Como evitar passivos trabalhistas e proteger a empresa?
Para evitar problemas legais, as empresas devem:
- Realizar laudos técnicos periódicos para definir corretamente quais funções desativar o pagamento do adicional.
- Manter a folha de pagamento em conformidade com a legislação.
- Invista em EPIs para tentar mitigar o risco, desde que haja um laudo comprovando a eliminação do perigo.
- Treinar gestores e RH para garantir que a empresa esteja sempre alinhada às normas trabalhistas.
Cumprir a lei é sempre o melhor caminho. Além de evitar processos, a empresa desenvolve um ambiente de trabalho mais seguro e transparente para seus colaboradores.
Periculosidade e Aposentadoria Especial
Trabalhadores expostos a atividades perigosas têm um direito que vai além do adicional de periculosidade: a possibilidade de solicitar a aposentadoria especial . Esse tipo de aposentadoria permite que o profissional se apóie antes do tempo tradicional, pois seu trabalho envolve riscos de integridade física ou de vida.
Mas atenção: o simples recebimento do adicional de periculosidade não garante automaticamente a aposentadoria especial . O INSS exige uma comprovação detalhada da exposição ao risco ao longo da carreira do trabalhador.
Como o adicional de periculosidade impacta na aposentadoria?
Para solicitar a aposentadoria especial, o trabalhador precisa demonstrar que exerceu sua função em condições de riscos permanentes . Antes da Reforma da Previdência (2019), era possível se aposentar com 15, 20 ou 25 anos de contribuição , dependendo do grau de periculosidade da atividade. Hoje, há a exigência de idade mínima (60 anos) mais tempo de contribuição , tornando o processo mais rigoroso.
Documentação necessária para o INSS
O principal documento exigido pelo INSS para comprovar o direito à aposentadoria especial é o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) . Esse documento deve ser fornecido pela empresa e inclui:
- Descrição detalhada das atividades exercidas.
- Registro dos agentes perigosos aos quais o trabalhador foi exposto.
- Indicação da intensidade e frequência do risco.
- Assinatura de um responsável técnico (engenheiro ou médico do trabalho).
Sem a PPP, o trabalhador pode ter dificuldades para comprovar o tempo de exposição ao risco e obter o benefício. Por isso, é essencial que a empresa mantenha esse documento atualizado e acessível aos funcionários.
Como garantir a conformidade com a Legislação?
Garantir que sua empresa esteja seguindo corretamente as regras do adicional de periculosidade não é apenas uma questão legal, mas também uma estratégia para evitar multas, processos trabalhistas e passivos financeiros. A boa notícia é que há maneiras de manter a conformidade com a legislação e reduzir riscos.
1. Realizar auditorias internas de segurança e conformidade
As auditorias internas são essenciais para identificar falhas antes que elas se tornem problemas jurídicos. Eles devem incluir:
- Análise das funções que envolvem atividades perigosas.
- Verificação do uso de EPIs adequados e sua eficácia.
- Revisão dos laudos técnicos que comprovam a necessidade (ou não) do pagamento do adicional.
2. Revista em consultoria jurídica e segurança do trabalho
Muitas empresas são autuadas simplesmente por desconhecimento da legislação. Contar com especialistas em direito trabalhista e segurança do trabalho ajuda a manter as práticas atualizadas e evitar interpretações erradas das normas.
3. Checklist para manter a conformidade com a NR 16
Para garantir que sua empresa esteja dentro das exigências legais, siga esta lista de verificação:
✅ Mapeie todas as atividades da empresa e identifique funções de risco.
✅ Contrate um engenheiro ou médico do trabalho para elaborar laudos técnicos .
✅ Forneça EPIs eficazes e fiscalize o uso correto pelos colaboradores.
✅ Mantenha o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) atualizado para funcionários expostos a periculosidade.
✅ Cadastre todos os auditórios e treinamentos aplicados na empresa.
Estar em conformidade com a NR 16 não apenas evita problemas legais, mas também fortalece a imagem da empresa e melhora a segurança dos trabalhadores.
Conclusão
O adicional de periculosidade não é apenas um direito do trabalhador, mas também uma obrigação legal que as empresas precisam levar a sério. Negligenciar esse pagamento pode gerar processos trabalhistas, multas e passivos financeiros que comprometem a saúde do negócio. Por outro lado, quando aplicado corretamente, ele garante segurança jurídica para a empresa e proteção financeira aos colaboradores expostos a riscos.
Para evitar problemas, tanto funcionários quanto funcionários devem entender as regras da NR 16 e da CLT . As empresas precisam manter laudos técnicos atualizados , fornecer EPIs adequados e realizar auditorias internacionais para garantir a conformidade. Já os trabalhadores devem estar atentos ao seu direito e buscar esclarecimentos sempre que houver dúvidas.
Aqui estão algumas dicas práticas para manter a empresa dentro da lei e evitar dores de cabeça:
- Faça auditorias periódicas para verificar as cargas que desativam o pagamento do adicional.
- Mantenha o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) sempre atualizado.
- Busque orientação de um engenheiro ou médico do trabalho para consultas regulares.
- Treine uma equipe de RH e DP para aplicar corretamente as regras da periculosidade.
Se você é empresário ou gestor de RH, não espere um processo trabalhista para agir. O ideal é se antecipar e garantir que sua empresa esteja totalmente homologada com a legislação . Buscar o suporte de especialistas em direito trabalhista e segurança do trabalho pode evitar custos inesperados e manter seu negócio protegido.
Agora que você sabe tudo sobre o adicional de periculosidade, coloque essas boas práticas em ação e garanta a conformidade da sua empresa!